quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A paz não pode sobreviver sem um pacto social

A Violência continua a ser uma constante na história. Os motivos que alimentam conflitos e guerras entre os seres humanos são diversos: a injustiça que obriga dois bilhões a sobreviver com menos de um dólar por dia, interesses sociais e econômicos, divergências culturais e religiosas, sistema militar e necessidades da indústria de armamentos... Tudo faz parte de uma “iniqüidade estrutural” que se traduzem nas violências nossas de cada dia.

Vivemos uma cultura de violência, fomentada por diversos ciclos viciosos, presentes em todos os lugares, como na mídia, nos brinquedos, no trânsito. Isso somado à individualidade e à busca pela satisfação imediata faz com que as pessoas sejam menos capazes de lidar com suas frustrações e estejam mais propensas a transformar pequenos atritos em grandes confrontos.

O Brasil é um dos países onde mais se mata com arma de fogo, são quase 40 mil mortes por ano, ou cerca de uma morte a cada 15 minutos. A grande maioria delas é causada por motivos banais, como uma briga de trânsito, ou simplesmente tomando uma cerveja em determinado bar, um som com um volume muito alto.

Precisamos encontrar alternativas capazes de resolver esses conflitos para que possamos resolver esse quadro violento em que nos encontramos.

A paz enfrenta atualmente uma realidade que se pode denominar de paradoxal: ao mesmo tempo em que ela é violada em cada quarteirão, bairro, fronteira, país ou etnia (através da fome, da violência, da indignidade humana) é também reclamada, com a mesma intensidade da sua violação, em cada discurso e manifestação em prol do bem comum, da não violência, dos direitos humanos, dos direitos da mulher e da criança.

Religiões, líderes religiosos e políticos enfatizam a paz em suas falas ou escritos como realidade impostergável. Basta reportar alguns discursos do saudoso papa João Paulo II com suas pregações ou encíclicas ao mundo. Ou Dalai Lama e tantos outros que promovem a paz.

A paz não pode sobreviver sem um pacto, sem uma aliança ampla que seja fruto do conjunto de todos os esforços humanos em vista da sobrevivência planetária. “Não haverá paz mundial se não houver paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões se não houver diálogo entre eles”.
O caminho para a não violência passa pelo respeito à diversidade de culturas, religiões, práticas sexuais e assim por diante. Se a relação com o outro for profunda, implica no desafio de repensar a realidade e as relações sociais a partir de outros critérios e paradigmas.

Desenvolver esta cultura da paz começa pela vida cotidiana de cada um. Implica em uma autêntica conversão pessoal.


Carlos Magno Pessoa,

padre e professor de Sociologia e Filosofia.

Endereço eletrônico: pessoa.carlos@hotmail.com

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