segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia da Água: cisternas melhoram a vida de 2,4 milhões pessoas no Semiárido






21/03/2011 17:25


Consumo próprio, produção de alimentos e aprendizado na escola são facilitados pelos equipamentos de captação de água da chuva construídos na região com apoio do MDS. Por não precisarem mais caminhar em busca do recurso, famílias beneficiadas melhoram de vida e conquistam mais tempo para educação e até para o lazer.
Luiz Eleutério de Souza e sua cisterna em Cumaru, Pernambuco

Brasília, 21 – O agricultor Luis Eleutério de Souza, 60 anos, morador da comunidade de Queimadas, em Cumaru, agreste de Pernambuco, tem muito o que comemorar no Dia Mundial da Água (dia 22 de março). Há oito anos ele possui em casa cisternas de placas que armazenam 16 mil litros de água. Ter esse recurso disponível para sua família é uma conquista. Antes do benefício, ele perdia tempo para buscar água. “Acordava às 5h e caminhava até 6km para buscar água em barreiros. Hoje, ganho esse tempo me dedicando mais à produção”, conta Eleutério, que conseguiu até diversificar a produção e aumentar a renda da família.

O agricultor se junta a mais de 480 mil famílias no Semiárido que coletam água para o consumo por meio das cisternas. Esse é o resultado de um trabalho capitaneado pela Articulação do Semiárido no Brasil (ASA), que congrega cerca de mil entidades da sociedade civil. O projeto considera o acesso à água recurso fundamental para a segurança alimentar, para o aumento da quantidade de alimentos produzidos e a diversificação de processos produtivos locais.

Desde 2003, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) apoia o projeto e as iniciativas de tecnologias sociais de captação de água das chuvas. Das 480 mil cisternas construídas, 340 mil foram apoiadas diretamente pelo MDS.

Nos primeiros anos, foi priorizado o investimento na “primeira água” ou “água de beber”, ou seja, a água considerada alimento fundamental para a manutenção da vida. Em 2007, o ministério passou a apoiar projetos de “segunda água” ou “água de comer”, nos quais a água da chuva é usada para a pequena produção familiar de alimentos.

A partir de 2009, as ações se ampliaram para atender escolas da zona rural do Semiárido. A água, nesse caso, deverá melhorar as condições de ensino nas escolas da região sem acesso regular à água. É a chamada “água de educar”. A ação começou inicialmente na Bahia e se estendeu a os outros Estados da região. O projeto não visa apenas construir tanques de armazenamento, mas também conscientizar o cidadão quanto à convivência sustentável com a região de Semiárido e oferecer educação alimentar para professores, alunos e famílias da comunidade escolar.

Para a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Maya Takagi, o acesso à água para o consumo é uma ação ao mesmo tempo emergencial e estruturante para as famílias que não têm acesso regular a ela. “Emergencial porque muitas vezes é a única forma de a família ter acesso à água sem perder tempo buscando-a a quilômetros de distância de casa. Estruturante porque a família passa a conquistar certa autonomia em relação à gestão do uso da água, mesmo que da chuva. Além disso, o tempo da família, das mães e das crianças, é readequado para atividades como educação, capacitação e mesmo lazer.”

E é isso que ocorre com a família de Maria Joelma Pereira, que já enfrentou muitas dificuldades em busca de água no interior de Pernambuco. “O mais importante é a questão da autonomia: água da gente aproveita o tempo da gente”, diz, acrescentando que a cisternas contribuíram até mesmo para a mudança no tipo de produção. “Passamos a trabalhar com agroecologia para preservar o meio ambiente.” Joelma vive com o marido e os três filhos na zona rural do município de Cumaru.

As 480 mil cisternas construídas no Semiárido beneficiam 2,4 milhões de pessoas. Além disso, já foram implantadas com o apoio do MDS 7.433 cisternas para produção de alimentos e 43 nas escolas. A meta do ministério para 2011 é construir mais de 100 mil cisternas para o consumo humano.

Tecnologias – A cisterna é uma tecnologia popular para captação e armazenamento de água da chuva e representa solução de acesso a recursos hídricos para a população rural do Semiárido brasileiro, que sofre com os efeitos das secas prolongadas – que podem durar até oito meses. Esse tipo de tanque permite armazenar 16 mil litros de água, o suficiente para família de cinco pessoas beber e preparar alimentos. É construída com placas de cimento que captam a água das chuvas do telhado, escoada para os reservatórios.

Os reservatórios identificados de segunda água servem para apoio à agricultura familiar na produção de alimentos para autoconsumo. Família que já tem a primeira água recebe esse outro benefício. São seis tipos de reservatórios: cisterna calçadão, barragem subterrânea, tanque de pedra ou caldeirão, barraginha, cisterna enxurrada e bomba d‘água popular (BAP).

As cisternas nas escolas têm capacidade para guardar 32 mil litros de água potável para os alunos; as de produção, com sistema de captação e armazenagem de água para irrigação de hortas escolares, comportam 50 mil litros.

Dimas Ximenes

Ascom/MDS

(61) 3433-1052

www.mds.gov.br/saladeimprensa

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