terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Deu no Blog do Zé

risteza com a morte de Paulo Schilling
Publicado em 30-Jan-2012
Nas jornadas da vida que levamos à frente, alguns dos momentos mais tristes são aqueles em que perdemos companheiros que vão ficando ao longo do caminho. É o que acontece agora, quando nos entristece, e muito, a morte do político, jornalista e escritor Paulo Schilling.

Gaúcho de Rio Pardo, Paulo foi assessor especial do governador Leonel Brizola quando este governou o Rio Grande do Sul (1958-1962). Foi também secretário-executivo da Frente de Mobilização Popular de apoio ao presidente João Goulart, deposto pelos militares em 1964, ação que o Paulo acumulava com a direção do jornal “Panfleto”.

No Rio Grande ele fundou àquela época, também, o Movimento dos Agricultores Sem Terra (MASTER) e incentivou o cooperativismo ajudando a construir a FECOTRIGO, uma das maiores cooperativas de produção do país.

Com anistia, Paulo volta ao Brasil sem alegria


Deflagrado o golpe, ele exilou-se entre o Uruguai e a Argentina, onde trabalhou em jornais locais como o uruguaio “Marcha”, a agências de notícias Prensa Latina, e em editoras de livros. Como milhares de outros brasileiros só pode voltar ao seu país 16 anos depois, com a anistia conquistada em 1979.

Na volta ao Brasil muitos descobriram mais um drama familiar do Paulo: ele precisou desencadear uma luta para libertar sua filha Flávia Schlling, que lutara com o movimento Tupamaro na resistência á ditadura militar uruguaia e encontrava-se há anos presa nas masmorras do regime de exceção daquele país.

Foi admirável seu esforço naquela luta de meses em que enfrentava a maior má vontade do regime militar brasileiro em ajudá-lo.Além de precisar desdobrar-se diariamente na cobrança da filha, mas quando pouco podia falar a respeito, dadas as restrições e censura impostas pela ditadura.

No retorno, um novo e grande drama familiar


No retorno para cá, a partir dos anos 80 ajudou a fundar o PT e a CUT, e colaborou com o Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI) montado a partir de Cajamar (SP). Paulo escreveu 32 livros sobre a América Latina, além de diversos ensaios e centenas de reportagens – grande parte redigida no exílio. Um dos mais conhecidos é “Como a direita se coloca no poder”, editado no Brasil pela Global, em 1979.

Paulo tinha 86 anos e deixou viúva, quatro filhas e dois netos. Seu corpo foi cremado na Vila Alpina. Como lembra o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) em seu blog, ainda no exílio e depois na volta ao Brasil, Paulo Schlilling e Leonel Brizola "tomaram caminhos políticos diferentes, sem jamais perderem os rumos e o respeito pessoal, embora com os trancos próprios da gauchada, que sobrevivem até nos mais gentis."

Agora, lá onde estão, conclui Brizola Neto, "que eles se encontrem, como suas lutas se encontraram num Brasil tão diferente, com elites tão iguais às que eles combateram por toda a vida."

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