quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cuidando de Sua Saúde Mental

Saúde mental significa ter pensamentos e sentimentos positivos sobre você mesmo. É tradicional o provérbio de que "o bom humor afasta as doenças", ou "aquele que ri, vive mais". Isto significa que a mente tem uma relação direta ou indireta com o corpo. Assim, à medida que "alimentamos" bem nossa saúde mental (com emoções positivas, poucos aborrecimentos, bons pensamentos, etc.), melhor será a nossa saúde física.
A ciência médica está descobrindo, pouco a pouco, que problemas com a saúde mental freqüentemente apresentam causas físicas. Estes problemas podem ocorrer quando situações ambientais externas muito sérias, como agressividade entre as pessoas, medo de ser assaltado ou assassinado, perdas muito grandes, como a morte de um ente querido, o rompimento com um grande amor ou a perda do emprego,etc., desencadeiam reações químicas anormais no cérebro.
De fato, já é admitido que alterações mentais como o stress, depressão, medo, ansiedade, raiva, etc., podem provocar vários problemas orgânicos, como úlceras gástricas e intestinais, doenças da pele, diabete e até câncer. Estas são as chamadas doenças psicossomáticas (do termo psique=mente e soma=corpo), ou seja, distúrbios físicos causados por transtornos psicológicos e sociais. Um número altíssimo destas doenças, aproximadamente 50%, acometem a humanidade.
Algumas pessoas são mais susceptíveis a este tipo de problema do que outras, entretanto, ninguém está imune à doença mental. De acordo com uma definição legal estabelecida pela Lei de Higiene Mental de Nova York, em 1992, a doença mental é uma "condição mental que é manifestada por um distúrbio no comportamento, sentimento, pensamento, ou julgamento de tal forma extenso, que a pessoa requer tratamento e reabilitação"
A conexão corpo-mente-doença
Há mais de 60 anos, pesquisadores vem investigando como as emoções afetam o organismo. Descobriu-se que, em uma situação de stress, por exemplo, o confronto com um assaltante, o organismo passa por profundas modificações internas e externas: aumenta a freqüência cardíaca e respiratória, as pupilas e as artérias se dilatam, aumenta a descarga de adrenalina, etc. Felizmente, estas alterações duram apenas alguns minutos, pois são mecanismos de defesa observados no homem e em muitos animais para fugirem ou lutarem, e assim sobreviverem do atacante. No caso de uma situação crônica de distúrbio emocional, essas reações se perpetuam, causando numerosos transtornos no organismo como úlceras e entupimento das artérias. Estas são as chamadas reações de stress.
Uma das funções do cérebro é produzir substâncias que mantém saudável o corpo e o comportamento. Algumas destas substâncias são as gamaglobulinas, que fortificam o nosso sistema imunológico, o interferon, que combate infeçõese vírus, e as endorfinas, que são grandes liberadoras de dor. A produção destas substâncias dependem, em parte, de nossos pensamentos e sentimentos. Pensamentos negativos podem perturbar a saúde mental. Pesquisas científicas investigando o corpo e a mente estão fazendo descobertas notáveis sobre como as emoções e os pensamentos afetam a nossa saúde. Estudos mostraram que pessoas pessimistas apresentam taxas de doenças significativamente maiores que as pessoas normais.
Como os problemas de saúde mental têm causas físicas e mentais, é necessário procurar resolvê-los tanto pelo auto-cuidado como pelo cuidado de um especialista na área, como um psicólogo ou psiquiatra. O objetivo deste duplo cuidado é reduzir o stress e restaurar o equilíbrio químico no cérebro.

O auto-cuidado, caminhada ou conversa com um amigo

  • Se sua auto-estima estiver baixa, reconstrua-a, e reafirme o seu valor como pessoa.

Quando procurar ajuda profissional

  • Se os sintomas se tornarem numerosos ou muito freqüentes, e você não for capaz de saná-los com o auto-cuidado; 
  • Se os sentimentos negativos que você está sentindo, por exemplo, os de perda, estiverem exacerbados, ou seja, exagerados, e não passam com o tempo; 
  • Se você estiver pensando freqüentemente em suicídio.
..... O cérebro e a mente são entidades muito poderosas e, evidências científicas estão agora sustentando a idéia de que aquilo que você pensa e sente tem grande influência sobre a sua saúde ou doença. Portanto, saiba cuidar bem de sua saúde física e mental para que você se mantenha como um indivíduo feliz, íntegro e produtivo.
Autora: Dra. Silvia Helena Cardoso
"Mens sana in corpore sano"
No final dos anos 90, os EUA ressuscitaram uma onda cinematográfica que rapidamente se espalhou mundo afora: o teen-terror, aqueles filmes de terror sanguinários feitos sob medida para o gosto (algumas vezes duvidoso) dos adolescentes.
O primeiro representante famoso do gênero foi Pânico, lançado em 1996. Daí para "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado", "Albergue", "Jogos Mortais" e similares bastou um pulo. Ou, melhor dizendo, um susto.
Mas, como não há mal que perdure, a própria indústria Hollywoodiana tratou de satirizar o ressurgimento do terror e, em 2000, lançou "Todo mundo em Pânico", um filme repleto de situações que ironizam a idéia de sentir medo, que logo também se dividiu em películas filhas e netas.
Entre o original e a sátira, fica a pergunta: porque precisamos sentir medo? E até que ponto o medo pode ser considerado normal?
TODO MUNDO EM PÂNICO
© Dr. Alessandro Loiola
"Nada de câncer ou HIV: as doenças mentais serão o grande mal do Século XXI". Estas palavras foram proferidas por um querido professor na Escola de Medicina, nos idos do Século XX, quando eu ainda tinha cabelos e a maioria dos trabalhos científicos envolvia pesquisas direcionadas para a AIDS. Hoje percebo que ele não poderia estar mais certo – e eu, mais careca.
No dia a dia do consultório, mais da metade dos atendimentos são para tratar conseqüências de estados emocionais alterados. Por exemplo: a
paciente que se queixa de dores crônicas no pescoço, mas não por artrite ou contusões, e sim por todos aqueles problemas que vencem no dia seguinte e a deixam em um estado de tensão constante. E aí tome hipertensão arterial, obesidade, angina, etc.
Recentemente, vem aumentando o número de pacientes que apresentam um distúrbio emocional em particular, a Síndrome do Pânico, uma alteração caracterizada por várias manifestações inespecíficas que ocorrem em ataques. Durante a crise, podem ser observados palpitações, suores profusos, tremores, falta de ar, náuseas, cólicas abdominais, vertigens, desmaios, medo de perder o controle ou enlouquecer, dormências, calafrios e fogachos.
Tudo bem, sou obrigado a concordar que qualquer pessoa levemente conectada à nossa realidade corre o risco de desenvolver muitos
desses sintomas:
- A cada dia, no Brasil, ocorrem cerca de 200 assassinatos, 1.000 roubos de carros e mais de 7.500 pessoas são assaltadas - e menos de 5% destes crimes são esclarecidos. Coloque em uma panela estes números da Insegurança Pública e adicione todos os impostos que
vencem no começo do ano, o material escolar das crianças e a prefeitura cavando túneis que desabam sob prédios e residências. Tempere com o risco da sua filha adolescente contrair alguma doença sexualmente transmissível que vá lhe chamar de vovó ou vovô, e pronto: temos mais um paciente com Síndrome do Pânico aguardando na recepção.
- Calcula-se que cerca de 2-5% da população mundial sofra com a doença. As mulheres são 2-3 vezes mais afetadas que os homens, principalmente no final da adolescência e por volta dos 30 anos de idade.
Como os primeiros casos foram descritos há pouco mais de 20 anos, os cientistas ainda não conseguiram descobrir exatamente os mecanismos que causam a Síndrome. O que se sabe é que os ataques duram cerca de 20-30 minutos (raramente mais de 1 h), podendo ocorrer várias vezes ao dia. O uso de cafeína, álcool, nicotina e outras substâncias com
atividade sobre o sistema nervoso central ajudam a desencadear ou potencializar as crises.
A avaliação especializada é essencial. A Síndrome do Pânico deve ser diferenciada de outros problemas potencialmente mais graves, como infarto agudo do miocárdio, doenças pulmonares, epilepsia e alterações na glândula tireóide, entre outros.
Selado o diagnóstico, o tratamento segue o mesmo roteiro de tantos outros distúrbios da ansiedade. Podem ser empregados medicamentos para controlar o estado de nervos (p.ex.: fluoxetina, paroxetina,
diazepam, etc), mas é na psicoterapia que reside a cura para o problema.
Sentir medo é uma reação normal. O medo, assim como a dor, cuida da vigilância da sua saúde e bem-estar, mas em hipótese alguma ele deve lhe impedir de curtir plenamente a vida. Se isto estiver ocorrendo, procure auxílio de um profissional capacitado para dominar o estado de pânico - como aquele sujeito no interior que tinha horror a dentistas, mas foi obrigado a fazer uma consulta.
- Não tem jeito, vamos ter que retirar este dente – sentenciou o dentista.
- Mas eu estou com um medo danado, doutor!
- Você está com medo? Então tome um pouco disto aqui, pra ganhar coragem – disse o dentista, entregando ao paciente uma garrafa de cachaça -, e volte dentro de meia hora.
Passados os 30 minutos e meia garrafa depois, o paciente volta.
- E então, ganhou coragem?
- Ô, doutor, e como! *hic* Quero só ver agora qual o filho da mãe que vai encostar o dedo neste dente aqui!
Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor, palestrante, autor de "Vida e Saúde da Criança" e "Crianças em forma: saúde na balança"

Nenhum comentário: