sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Icó festeja 30 anos sacerdotal do Padre José Augusto

Homem polêmico, porém um padre de atitudes e um grande formador de opinião. Parebens Jose Augusto dos pobres.

PADRE JOSÉ AUGUSTO NÃO PERDE A PIADA*

José Augusto do Nascimento nasceu em Icó (CE), há 73 anos, no distrito de Cruzeirinho, zona rural. Inquieto, diferente dos demais irmãos, iniciou sua vida como agricultor. Depois, já rapaz, dedicou-se ao rebanho bovino, na condição de vaqueiro.

Nunca negou esta sua primeira vocação, a de ser vaqueiro, sentindo o cheiro do estrume e da natureza. Do sertão. Do povo matuto e sofrido do nordeste.

O tempo seguiu...depois de profundas reflexões, afirmou ter sido tocado por Jesus de Nazaré, onde se foi embora do torrão, entrou no seminário, estudou durante anos no Estado da Bahia, para ser Padre da Igreja Católica.

Retorna ao Icó. O vaqueiro José, agora cede lugar ao Padre José Augusto. De logo a comunidade católica passou a notar que não se tratava de um religioso igual. Irreverente, meio-maluco, folclórico, sem papas na língua, carismático e de muitas atitudes, fazia (e faz) ao seu modo as suas pregações religiosas no templo da Igreja.

Ganhou aliados e desafetos. Este escriba teve discussões acaloradas com o Padre José Augusto. Afastavam-se por um tempo, mas sempre havia reconciliação. Outros também tiveram as suas divergências.

Porém, ninguém pode deixar de reconhecer uma das inúmeras qualidades do Padre José Augusto: NUNCA FOI FALSO MORALISTA. Os seus ideais, os seus sentimentos, eram expostos sem dobrar esquina.

Exerceu por vinte e cinco anos o sacerdócio em Icó, até aposentar-se há três anos. Cada família deste rincãotem uma história a contar do Padre José Augusto.

Ele me casou e batizou os meus dois filhos. Fiz questão que fosse o Padre José Augusto, pois, assim como muitos, prefiro as missas sem formas e padrões. As pregações simples, no improviso, são (palavras) vindas do coração.

Hoje é Padre emérito do Icó (aposentado). Tem profundas divergências com o atual sacerdote, o Padre Bonfim, a quem o acusa de muitas coisas, principalmente de perseguição e de querer calar a sua voz. De impedir os seus trabalhos.

Afirma em sua retórica, na Igreja, que o mestre Jesus foi perseguido por falar a verdade e, também, por fazer política socialista em defesa dos oprimidos. “É somente isto que eu faço. Jesus brigou com os poderosos, defendeu os oprimidos. Se isto é fazer política...vou então fazer política”, afirma o Padre José Augusto.

A Igreja Católica, mais precisamente o bispo de Iguatu, por sugestão escrita do padre atual de Icó e de outros, queriam impedir o Padre José Augusto de celebrar em Icó. O "mote" era que José Augusto “desviava-se” da pregação e preceitos oficiais católicos.

Depois de muitos problemas, principalmente da certeza que a comunidade católica não aceitaria tal situação, que estava preparando um levante, resolveram então ceder-lhe a Igreja do Monte, para suas celebrações.

Doravante, o Pe. José Augusto tem feito o seu trabalho religioso (missas), livre de amarras de qualquer natureza na secular Igreja do Monte, inclusive, transmitida ao vivo na Rádio Brasil-FM, onde fala o que defende e pensa.

Finalmente, perguntaram ao Padre José Augusto se ele gosta do novo local de trabalho (?).

Eis a resposta: "Aqui é ótimo. Fica defronte ao Terminal Rodoviário. Se quiserem me colocar pra fora do Icó, pego logo o ônibus. Ao lado do hospital regional, pois, se me açoitarem, me agredirem, durmo logo por lá. Ao lado do cemitério municipal. Se me matarem, o enterro será bem rápido".

Este é o PADRE JOSÉ AUGUSTO DO ICÓ.
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*TEXTO ESCRITO POR FABRÍCIO MOREIRA DA COSTA
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