REFORMOU         A ORDEM DOS CARMELITAS (SEGMENTO FEMININO), COM AUXÍLIO DE SÃO JOÃO         DA CRUZ (SEGMENTO MASCULINO)  

                                              Santa Tereza nasceu em Ávila, na Espanha, no ano de 1515. A educação         que os pais deram a ela e ao irmão Roderico, foi a mais sólida possível.         Acostumada desde pequena à leitura de bons livros, o espírito da         menina  não conhecia maior          encanto que o da vida dos  santos         mártires.   Tanto a impressionou esta leitura que, desejosa de         encontrar o martírio, combinou com o irmão a fuga da casa paterna,         plano que  realmente         tentaram executar, mas que se tornou irrealizável, dada a vigilância         dos pais. 
                                              A idéia e o desejo do martírio ficaram, entretanto, profundamente         gravados no coração da  menina.         Quando tinha 12 anos, perdeu a boa mãe. Prostrada diante da imagem de         Nossa Senhora,  exclamou:         “Mãe de misericórdia, a vós escolho para serdes minha Mãe.  Aceitai esta pobre órfazinha no número das vossas          filhas”.  A proteção         admirável que experimentou durante toda a vida, da parte de Maria Santíssima,          prova que esse pedido foi atendido. 
                                              Deus permitiu que Teresa por algum tempo, enfastiando-se dos livros         religiosos, desse preferência a  uma         leitura profana, que poderia  pôr-lhe         em perigo a alma. Também umas relações demasiadamente íntimas com         parentes, um tanto levianas, levaram-na ao terreno escorregadio da         vaidade.  O resultado disto         tudo foi ela perder o primitivo fervor,          entregar-se ao bem-estar, companheiro fiel da ociosidade, sem         entretanto chegar ao extremo de perder          a inocência. 
                                              O pai, ao notar a grande mudança que verificava na filha,          entregou-a aos cuidados  das          religiosas agostinianas.  A         conversão foi imediata e firme. Uma grave enfermidade obrigou-a a          voltar para a casa paterna. Durante esta doença, percebeu o         profundo desejo de abandonar o mundo e          servir a Deus, na solidão dum claustro. O pai, porém,          opôs-se a esse plano, no que foi contrariado por Teresa, que         fugiu de casa, para se internar num mosteiro das Carmelitas, em Ávila.         No meio do caminho lhe sobreveio uma grande repugnância pela vida         religiosa, e por um pouco teria desistido da idéia. Vendo em tudo isto         uma cilada do inimigo de Deus e dos homens,          seguiu resolutamente o caminho e ao transpor o limiar do         mosteiro,  os receios e          escrúpulos deram lugar a uma grande calma e alegria no coração. 
                                              Durante o tempo do noviciado,  foi provada por outro relaxamento no fervor religioso que,         aliás,  pouco tempo durou.          Deus mais uma vez lhe tocou o coração, mas de uma maneira tão         sensível que Teresa, debulhada em lágrimas, prostrada diante do         crucifixo, disse; “ Senhor, não me levanto do lugar onde estou,          enquanto não me concederdes a graça e fortaleza          bastantes, para não cair mais em pecado e servir-vos de todo         coração, com zelo e constância”.          A oração foi ouvida e de uma vez para sempre, ficou extinto no         coração de Teresa o amor ao mundo e às criaturas e restabelecido o         zelo pelas coisas de Deus, do seu santo serviço. 
                                              Foi-lhe revelado que essa conversão era o resultado da intercessão de         Maria Santíssima e  de São         José. Por isso, teve sempre profunda devoção a S. José e muito         trabalhou para difundir este culto na Igreja. 
                                              Profunda era a dor que sentia dos pecados cometidos e dolorosas eram as         penitências que fazia, se bem que os confessores          opinassem que nenhuma dessas faltas chegava a ser grave.           Em visões lhe foi mostrado o lugar no inferno, que lhe teria         sido reservado, se tivesse seguido o caminho das vaidades. De tal         maneira se  impressionou com         esta revelação, que resolveu restabelecer a Regra carmelitana,          em todo o rigor primitivo. Esse plano, embora tivesse a aprovação         do papa Pio IV,  a mais         decisiva resistência encontrou da parte do clero e          dos religiosos. Teresa, porém,          tendo a intenção de agir por vontade de Deus, pôs mãos à         obra e venceu.
                                              Trinta e dois  mosteiros (17         femininos e 15 masculinos) foram por ela fundados e outros tantos         reformados.  Em todos, tanto         no convento dos religiosos, como das religiosas, entrou em vigor a          antiga regra. São João da Cruz foi quem assumiu e escreveu as         regras para o segmento masculino, a pedido de Santa Teresa.  
                                              Em sua biografia há capítulos ( os 11 e os seguintes), que dão         testemunho da intensidade da  sua         vida interior.  O que diz         sobre os quatro degraus da oração, isto é, sobre o recolhimento, a          quietação, a união e o arrebatamento, é realmente aquilo que         a oração da sua festa chama “pábulo da celeste doutrina”. Graças         extraordinárias a acompanhavam constantemente como fossem: comunicações         diretas divinas, visões, presença visível de Cristo.
                                              Um anjo traspassou seu coração com uma seta de fogo, fato este que a         Ordem carmelitana comemora na festa da transverberação do coração de         Santa Teresa, em 27 de agosto.
                                              Doloroso foi o caminho da cruz pelo qual a          Divina Providência a quis levar e não faltou quem lhe         envenenasse as  mais retas         intenções, quem em suas medidas de          reforma visse obra do demônio, e intervenção direta diabólica.         A calma lhe voltou, quando em 1559, se confiou à direção de São Pedro         de Alcântara.
                                              Não tardou que, em 1576, no seio da Ordem se levantasse uma grande         tempestade contra a reforma. Veio a proibição de novas fundações, e         Teresa viu-se obrigada a se recolher a um dos conventos.          Parecia ter-se declarado o fracasso da sua obra: Foi, quando         interveio o rei Felipe II. A perseguição afrouxou só pouco a pouco e,         em 1580, o Papa Gregório XIII declarou autônoma a província         carmelitana descalça. 
                                              Esta obra sobre-humana não teria tido o resultado brilhante que teve,         se não fosse a  execução         da vontade divina e se Teresa não tivesse sido toda de Deus,         possuidora das mais excelentes e sólidas virtudes, dotada de grande         inteligência e senhora de profundos conhecimentos teológicos. 
                                              Santa Teresa teve o dom de  ler         nas consciências e predizer coisas futuras, não lhe faltou a cruz dos         sofrimentos físicos e morais. No seio das maiores provações, nas         ocasiões em que lhe parecia ter sido abandonada pelo céu e pela terra,         era imperturbável sua paciência e conformidade com a vontade de Deus.         No SS. Sacramento, achava a forma necessária para a luta e para a vitória.
                                              Sob  o impulso de uma graça         especial fez o voto de fazer sempre aquilo que a consciência lhe dizia         ser o mais alto grau da vida mística. Os numerosos escritos,         asseguraram-lhe um dos primeiros lugares entre os místicos.
                                              Oito anos antes de deixar este mundo, foi-lhe revelada a hora da morte.         Sentindo esta se aproximar, dirigiu uma fervorosa ordem          a todos os conventos de sua fundação ao ou reforma. Com muita         devoção recebeu os santos Sacramentos, e constantemente rezava jaculatórias         sobre esta: “ Meu Senhor, chegou afinal a hora desejada, que traz a          felicidade de ver-vos eternamente.“ – Sou uma filha de Vossa         Igreja. Como filha de Igreja Católica, quero morrer.”           - Senhor, não me rejeiteis a Vossa face. Um coração contrito e         humilhado não haveis de desprezar”.
                                              Santa Teresa morreu em 1582, na idade de 67 anos. Logo após sua morte,         o corpo da Santa exalava um perfume deliciosíssimo. Até o presente dia         se conserva intacto.
                                              Seu coração, apresentando larga e profunda ferida, acha-se guardado         num precioso relicário na Igreja das Carmelitas em Alba.
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